Clamando por justiça

Clamando por justiça

Uma das casas da vergonha nacional, ou melhor, Congresso nacional, está reivindicando um pequeno (grande) aumento salarial, enquanto o povo sofre com a fome, miséria, desemprego, impostos altos, criminalidade, sistemas de transportes precários.

Nossos parlamentares – Representantes do povo – ultimamente têm reivindicado um pequeno aumento salarial. Um pequeno aumento que gira em torno de 90% dos seus rendimentos atuais, que hoje é de aproximadamente R$ 12.800,00.

Se a reivindicação for acolhida, o salário desses parlamentares chegará ao valor de, nada mais nada menos, R$ 24.500,00!

Diante de tantos problemas sociais que enfrentamos, tais como: fome, miséria, desemprego, impostos absurdos, altos índices de criminalidade, sistemas de transportes precários, crise dos controladores de vôo e problemas sociais das mais diversificadas formas possíveis; me digam! Onde esses senhores estão com a cabeça??? O que está acontecendo?? É a vergonha mais vergonhosa do que o próprio significado da palavra "vergonha" representa! Isso é um escândalo! Enquanto isso... nós, o povo brasileiro – míseros mortais, estamos mais uma vez sendo passados para trás na calada da noite do Congresso Nacional. Nas palavras de um grande jornalista, que eu faço as minhas neste momento: "Isso é uma vergonha"!

Diante desse cenário, recebi uma "correspondência eletrônica" – e-mail, que me deixou muito à vontade para discorrer sobre o tema. Ao mesmo tempo que deixou à vontade, causou-me repúdios e indignação com a realidade brasileira. Devido a inquietude, a veemência daquelas palavras, resolvi então remeter essa mensagem para o Congresso Nacional (para cada um dos Deputados Federais – estes que querem o "aumentinho" de 90%, e também, para cada um dos Senadores da República), sem mudar nenhuma palavra.

Como a Constituição Federal assegura a todos a livre manifestação do pensamento, a expressão da atividade de comunicação, o acesso à informação com o resguardo da fonte, venho por meio deste instrumento, não satisfeito apenas com a medida acima adotada, retransmitir a mensagem enviada àquele Poder Federal.

A omissão popular é a maior arma que esses "parlamentares" tem em mãos! Com a mensagem acima, resolvi perguntar se poderia encaminhar esta mensagem àqueles senhores, eis a resposta: 

Obs.: A integralidade, com algumas adaptações, da mensagem enviada aos Senadores da República (que em uma segunda mensagem, de igual teor, foi transmitida à Câmara dos Deputados, mudando apenas o "endereçamento").

***

Caros senhores Senadores da República Federativa do Brasil. Como podem notar, eu estou enviando uma mensagem a todos os Senadores e Senadoras desta nação. Meu nome é Lucas Tadeu Lourencette, trabalho em um site jurídico chamado DireitoNet - http://www.direitonet.com.br/, moro em Sorocaba/SP. Venho através deste instrumento de comunicação repassar-lhes uma mensagem que recebi hoje de uma pessoa que tenho muito apreço, devido suas virtudes e força de trabalho e estudo. Porém, o que me motivou a mandar-lhes esta mensagem não foi essas imensas qualidades, e sim, a imensa realidade que nós, míseros populares (gente do povo), passamos todos os dias. Enfim... Quero que vossas senhorias ponham a mão na consciência e na alma, lembrem-se do motivo que os fizeram entrar na política. Finalmente, clamo-lhes por mais justiça social! Sinceramente. Lucas Tadeu Lourencette Segue a mensagem enviada por esta pessoa que pediu que fosse resguardada sua identidade. De qualquer forma, as palavras dessa pessoa, são as minhas palavras com extrema veemência! (por favor, considerem a linguagem da "internet", irei remeter nas mesmas palavras, sem nenhuma alteração). "Sabe o q é difícil? Vc pensar, pensar e não ter oportunidade... E agora, trabalhar? Eu não quero trabalhar como "escrava" numa loja no shopping... que tipo de emprego então eu procuro? onde? eu não tenho experiência, eu nao tenho curso técnico... e eu vejo as pessoas andando com pasta de currículo nas ruas (eu estudo lá perto e vejo), são centenas de pessoas com olhar de desilusão, andando debaixo daquele sol escaldante... e eu conheço gente que trabalha em agências de emprego... tô careca de saber que dificilmente levam a algum lugar... tô desiludida... feliz por terminar o colegial, mas eu tô entrando pra realidade agora... vendo que os deputados ganham 24 mil e eu não tenho pra pagar um estudo, nem a oportunidade de conseguir um emprego... não tenho nada... não tenho possibilidades, oportunidades, experiência, esperança, não tem por onde começar... eles não nos dão oportunidade! agora me diz como! como eu vou falar pra eles que eu qro 4 mil do salário deles pra viver com dignidade?????".

Com a mensagem acima, resolvi perguntar se poderia encaminhar esta mensagem àqueles senhores, eis a resposta: "Se tem como mandar msgs pra eles... eles devem receber esse tipo de msg todos os dias... devem passar na rua e ver mendigos debaixo da chuva ou do sol com um monte de filhos comendo numa marmita suja (isso se tiver comida), e mesmo assim aumentam o salário deles próprios e pensam em tirar o 13º dos aposentados... eles têm coração???? eu gostaria mto de conhecer uma pessoa dessas... acho q deve ser daqueles ignorantes que não dá nem pra conversar... eles merecem ser internados num hospício, só podem ser loucos, concorda? eu não vejo outra possível explicação pra pessoas sem sentimento como aquelas... se quiser mandar manda... quer apostar quanto q nao dá em nada? 90% do povo não faz nada, mesmo q todos pensem isso... às vzes não têm nem a capacidade de raciocinar sobre isso... tá difícil... e eu vou continuar sem poder fazer nada, sem mudança nenhuma... não muda nada, né? aliás, só muda pra pior... pra mim nao tem pior humilhação do q nao poder estudar... todo mundo pergunta: o q vc vai fazer no ano q vem, depois q se formar? q q eu vou falar? nao tem nada... =/ tô humilhada mesmo... ". Caros senhores e senhoras. Sem mais. Lucas Tadeu Lourencette.

***

Conclusão

Os argumentos utilizados neste e-mail são a mais pura verdade – Essa é a desastrosa realidade brasileira.

Não depreciando quem trabalha em Shopping Center, mas quem trabalha lá sabe o que essa pessoa está falando, e além disso, ela não mencionou quem trabalha como lixeiro, pedreiro, jardineiro, entregador de pizza e outros trabalhos fundamentais para o bom desenvolvimento de uma sociedade, mas que são pouco valorizados, e pior, é a própria escravatura disfarçada de assalariado! (muitas vezes sem carteira assinada!).

O Estado não propicia nem ao jovens e nem aos mais velhos uma oportunidade de emprego, estudo, capacitação etc., se isso existe, é ínfima diante da grandeza do Brasil. O que é propiciado, e com bastante rigor, é a falta de esperança, a descrença do povo em relação ao Poder Público em todas suas esferas, devido aos constantes e infinitos casos de corrupção e de falta de competência.

O Povo não quer muito! O povo não precisa ganhar 24 mil Reais por mês para ser feliz! Muitas vezes nem ganha direito o pão de cada dia e já é feliz, mas o mínimo de conforto é requisito fundamental, e é previsto pela Constituição Federal! Pobre Constituição, é tão desrespeitada quanto uma mãe sem moral diante de filhos indígnos, filhos não tão evoluídos para satisfazer a sabedoria dos princípios fundamentais de sua mãe.

Ó pátria amada idolatrada! Salve! Salve! Desconfio que, a qualquer momento, esses parlamentares vão mudar até o nosso hino! Diante do que acontece desde o ano 1500, acredito que o hino ficaria mais ou menos assim: "Ó pátria pobre e molestada! Salvem-me! Salvem-me!".

O salário dos aposentados, o 13° salário! Um direito adquirido que será "desadquirido"! Pobre Constituição... pra que serve esse "monte" de "letras mortas"? Já sei! Para uma meia dúzia de apátridas desrespeitar! Enquanto nós, meros populares, consagramos-a como uma das mais belas poesias! De que adianta?

O que temos que fazer?

Das duas, uma: Sentar e chorar, ou; Lutar e arrancar esses crápulas de lá!

Há alguma dúvida de qual opção escolher?

Sobre o(a) autor(a)
Lucas Tadeu Lourencette
Jurista, possui bacharelado em Ciências Jurídicas pela Universidade de Sorocaba (2007). Parceiro do DireitoNet desde 2006.
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