Auxiliar que não sabia que estava grávida ao pedir demissão receberá indenização substitutiva

Auxiliar que não sabia que estava grávida ao pedir demissão receberá indenização substitutiva

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Vigmax Prestação de Serviços Ltda., microempresa do Rio de Janeiro (RJ), a pagar indenização substitutiva decorrente da garantia provisória de emprego a uma auxiliar de serviços gerais que pediu demissão sem saber que estava grávida. Segundo a Turma, ainda que a trabalhadora não tivesse conhecimento da gravidez na época em que solicitou a dispensa, a validade do ato está condicionada à assistência sindical.

Reintegração

A empregada disse, na reclamação trabalhista, ajuizada em janeiro de 2016, que pediu demissão em 17/6/2015 e, logo depois, descobriu que estava grávida. Uma ultrassonografia realizada em 11 de agosto havia constatado a gestação de 11 semanas e seis dias, o que significava que a concepção ocorrera no curso do contrato. Com isso, ela pediu a reintegração no emprego ou a indenização substitutiva referentes à estabilidade no emprego garantida à gestante. 

Extinção do contrato

O pedido foi indeferido pelo juízo de primeiro grau e pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), que entenderam que a empregada não conseguira demonstrar vício de vontade que justificasse a nulidade do pedido de demissão. Para o TRT, o desconhecimento da própria gravidez não invalida o ato pelo qual ela havia declarado extinto, unilateralmente, o contrato de trabalho.

Assistência sindical

O relator do recurso de revista da auxiliar, ministro Hugo Carlos Scheuermann, explicou que, de acordo com o artigo 500 da CLT, o pedido de demissão de empregado estável só é válido quando feito com a assistência do respectivo sindicato e, se não o houver, perante autoridade local competente. “Da leitura desse dispositivo, não se depreende distinção entre as estabilidades existentes no direito pátrio, de modo que sua interpretação mais adequada é no sentido de sua aplicabilidade às empregadas gestantes”, afirmou.

Segundo o ministro, a exigência da assistência sindical ou da autoridade competente (Ministério do Trabalho ou Justiça do Trabalho) afasta qualquer incerteza quanto à vontade livre e consciente do trabalhador de rescindir o seu contrato de trabalho, principalmente o vício de consentimento.

A decisão foi unânime.

Processo: RR-100016-85.2016.5.01.0021

AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE.
RECURSO DE REVISTA. GESTANTE.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE
DEMISSÃO. DESCONHECIMENTO DO ESTADO
GRAVÍDICO. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA DO
SINDICATO DA CATEGORIA PROFISSIONAL.
INVALIDADE DA DEMISSÃO. Hipótese em que
a empregada pediu demissão do emprego,
desconhecendo seu estado gravídico,
tendo a rescisão ocorrido sem
assistência sindical. O TRT adotou
entendimento de que “a autora não logrou
demonstrar vício de vontade a ensejar a nulidade do seu
pedido de demissão”, afastando a
estabilidade provisória da gestante.
Aparente violação do art. 500 da CLT,
nos moldes do art. 896 da CLT, a ensejar
o provimento do agravo de instrumento,
nos termos do artigo 3º da Resolução
Administrativa nº 928/2003.

Esta notícia foi publicada originalmente em um site oficial (TST - Tribunal Superior do Trabalho) e não reflete, necessariamente, a opinião do DireitoNet. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. Consulte sempre um advogado.
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