MEC aciona PF para fechar 6 faculdades irregulares
O Ministério da Educação acionou a Polícia Federal para fechar seis
instituições de ensino superior que vêm funcionando sem qualquer
registro nem autorização. As seis instituições não tem e nem mesmo
pediram credenciamento no ministério, muito menos entraram com pedido
de autorização de cursos, os dois passos necessários para que possam
funcionar. O MEC não tem nem mesmo dados de quantos alunos podem estar
matriculados nessas instituições.
"São casos de estelionato puro e simples", disse o ministro da
Educação, Tarso Genro. Duas das instituições são em São Paulo e tem a
mesma pessoa como responsável: José Luiz Leonel Aguiar. Uma delas é o
Instituto Superior Unifeli, que fica no Centro da capital. A outra,
Faculdade Leonel Aguiar, fica no bairro de Santo Amaro e tem até mesmo
um site na internet, em que oferece 14 cursos, somando 980 vagas -
inclusive um chamado de Naturologia, em que o estudante aprenderia
terapias alternativas, como iridologia, florais e reflexologia,
atividades que não são nem mesmo reconhecidas oficialmente.
Os outros cursos piratas são a faculdade Rui Barbosa, em Teresina (PI);
faculdade Marques Guimarães, em São José do Vale do Rio Preto (RJ);
Faculdade de Educação do Piauí, que atua em Teresina e Itararé (PI); e
a Faculdade de Ciências do Estado do Ceará, em Fortaleza. Essa última
foi inaugurada em 2003, é ligada ao Colégio 19 de abril e já tem 800
alunos em seis cursos. A Procuradoria da República do Ceará já entrou
com uma ação contra a instituição.
A Polícia Federal deverá fechar as instituições nos próximos dias e
abrir inquéritos por estelionato. Os alunos dessas instituições também
terão de recorrer à Justiça em busca de ressarcimento. Como as
instituições oficialmente não existem, eles provavelmente não poderão
nem mesmo requerer transferência para outra instituições ou aproveitar
os créditos já cursados.
Nos próximos dias, o MEC vai publicar uma portaria com novas regras
para tentar conter o avanço desse tipo de fraude. Atualmente, uma nova
instituição precisa pedir primeiro o seu credenciamento. Feito isso,
precisa requerer a autorização do MEC para cada curso que criar,
apresentando um projeto. Apenas depois da avaliação do ministério é que
pode abrir um processo seletivo. A exceção a essa regra é apenas para
as universidades, que podem ter novos cursos sem autorização.
A portaria do MEC vai determinar que uma instituição que fizer
vestibulares antes da autorização do ministério, tenha esse processo
automaticamente suspenso. Além disso, ficará por um prazo proibida de
apresentar novos pedidos. "A estrutura legal que temos para controlar
essas questões ainda é pequena, mas vamos fazer o possível para que,
mesmo antes da reforma universitária, possamos melhorar o sistema",
disse Tarso Genro.