OAB: gargalo da Justiça está na falta de gestão e não nos recursos judiciais

OAB: gargalo da Justiça está na falta de gestão e não nos recursos judiciais

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou que "o grande gargalo da Justiça brasileira não são os recursos judiciais, mas a falta de gestão eficiente do Judiciário". A afirmação, feita em entrevista, foi uma resposta à proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, de acabar com os recursos processuais aos tribunais superiores como forma de resolver a morosidade do Judiciário. Ophir disse que a OAB não aceitará acabar com esses recursos, como propõe o presidente do STF, pois isso criaria uma ditadura dos Tribunais de Justiça estaduais. "Isso seria retirar da parte a possibilidade constitucional de recorrer de decisões que são injustas, sobretudo em relação aos Tribunais de Justiça, que muitas vezes erram", salientou.

Para o presidente nacional da OAB, a proposta do ministro Peluso, "na verdade ataca mais o efeito do que a causa do problema da Justiça". Na sua opinião, a principal causa da morosidade do Judiciário brasileiro está  na falta de gestão profissional, pois a Justiça não é administrada como deveria ser, tal como acontece com uma empresa. "Há falta de juízes, de servidores e de infra-estrutura é verdade, mas há muitos juízes trabalhando somente de terça a  quinta-feira, outros que só trabalham quatro ou cinco horas por dia; ou seja, é algo que precisa de uma visão muito maior do que simplesmente acabar com os recursos para se resolver os problemas da Justiça", observou.

Ophir Cavalcante afirmou que a morosidade do Judiciário é um problema que aflige a sociedade brasileira e, portanto, é necessário encontrar fórmulas capazes de diminuir o tempo de tramitação do processo. "Essa pode ter sido a ideia do presidente do STF, reduzir a lentidão, mas sua proposta ataca mais o efeito do que a causa", reiterou. Ele destacou ainda que também a OAB tem participado ativamente do esforço de se buscar fórmulas de reduzir a morosidade processual.

"Ainda agora, a OAB tem dado sua contribuição decisiva à confecção dos novos Códigos de Processo Civil (CPC) e Processo Penal (CPP), em tramitação no Congresso Nacional, onde se busca um avanço considerável em relação ao encurtamento do tempo do processo", lembrou. Nesse sentido, voltou a  salientar que a causa do "gargalo" judicial está mais na falta de gestão do que propriamente nos recursos. Como exemplo, citou que nos tribunais superiores, que têm estruturas de primeiro mundo, o grau de lentidão processual é maior do que na primeira instância, cuja estrutura é de terceiro mundo. Destacou também que o advogado tem prazo improrrogável de 15 dias para recorrer das decisões, enquanto centenas de milhares de recursos dormitam nas gavetas do Judiciário pro dois, três anos ou mais.

Esta notícia foi publicada originalmente em um site oficial (OAB - Conselho Federal) e não reflete, necessariamente, a opinião do DireitoNet. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. Consulte sempre um advogado.
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