Advogado perde o prazo em ação trabalhista e cliente busca indenização pelo prejuízo
Ao contratar um profissional
para ajuizar ação visando reivindicar verbas trabalhistas às quais
acreditava ter direito, um trabalhador viu-se prejudicado pela seguinte
situação: o advogado perdeu o prazo legal para iniciar o processo e,
consequentemente, a ação foi considerada prescrita. Ato contínuo, ele
entrou com nova ação, desta vez contra o advogado. Queria
responsabilizá-lo pela perda do prazo e, com isso, receber indenização
pelo prejuízo que teria tido. O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª
(SC) declarou a incompetência da Justiça do Trabalho para o julgamento
dessa ação, o que motivou o trabalhador a apelar ao Tribunal Superior do
Trabalho. Entre outras alegações, sustentou que a decisão do TRT teria
violado o artigo 114, I da Constituição Federal, segundo a qual a
Justiça do Trabalho é competente para o processamento e julgamento das
ações oriundas das relações de trabalho. Argumentou que teria firmado
contrato de prestação de serviços advocatícios e acabou sendo
prejudicado com a prescrição de seu direito.
Entretanto, os ministros da Primeira Turma do TST mantiveram o mesmo
entendimento adotado pelo TRT. Ou seja: a Justiça do Trabalho é
incompetente para julgar ações que versem sobre indenização por dano
moral e material contra advogado que tenha deixado de praticar
corretamente ato processual no prazo legal, levando à prescrição da ação
trabalhista, como no caso em pauta.
Segundo o relator do recurso na Primeira Turma, ministro Walmir
Oliveira da Costa, não se trata de relação de trabalho ou de emprego,
mas sim de uma relação civil de consumo, que envolve prestação de
serviços profissionais. O ministro salientou que o TST não tem admitido a
competência da Justiça do Trabalho para julgar pedido de honorários
profissionais neste tipo de relação e, portanto não seria compatível com
a jurisprudência da Corte Superior julgar em sentido contrário. Já o
ministro Vieira de Mello Filho lembrou que o Superior Tribunal de
Justiça afastou a caracterização de relação de consumo nessa hipótese,
por não haver “a finalidade lucrativa do empreendimento econômico”
classificando-a como uma ação civil por força do contrato de mandato.
Para o ministro Lelio Bentes Correa, que preside a Terceira Turma, não é
a natureza da pretensão relativa à ação a ser ajuizada que define a
competência para a ação relacionada ao contrato de mandato, mas sim, a
natureza do contrato.
Com esses fundamentos, a Terceira Turma, por unanimidade, negou
provimento ao Agravo de Instrumento. Os autos já foram remetidos ao
tribunal de origem.