Lesões

Lesões

Objeto de estudo da traumatologia médico-legal, meios mecânicos causadores de lesões, tipos de lesões incisas, contusões, degolamento, edema traumático, hematoma, diferença entre hematoma e equimose, escoriações, luxação, fraturas e lesões de defesa.

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Objeto de estudo da Traumatologia médico-legal

Lesões e estados patológicos imediatos ou tardios provocados pela violência sobre o corpo humano. Juridicamente, tem interesse nos casos de homicídio e sua tentativa, bem como nos casos de lesões corporais e suicídios.

Meios mecânicos causadores de lesões

Os meios mecânicos que causam lesões (traumas) são externos e internos, dentre aqueles há os instrumentos: cortantes, perfurantes, contundentes, pérfuro-cortantes, corto-contundentes, pérfuro-contundentes, como agentes causadores de lesões. Dentre os meios mecânicos internos há o esforço.

As feridas causadas pelos meios (agentes) mecânicos são: incisas, punctórias, contusas, pérfuro-incisas, corto-contusas (foice, acão, dentada, unhas) e pérfuro-contusas. As lesões causadas pelo esforço são: rupturas de músculos, entorses, luxações, hérnia, aneurisma, enfisema, rupturas de estômago, intestino etc.

 Meios físicos ou energias físicas que podem produzir lesões

Frio, calor, pressão, eletricidade, radiação, luminosidade, som etc.

 Tipos de lesões incisas mais encontradas

As lesões incisas são produzidas por instrumentos cortantes. Elas podem ser cirúrgicas, de defesa, em retalho, mutilantes e autoproduzidas. As mais comuns são: incisa: quando o instrumento penetra os tecidos em direção mais ou menos perpendicular à superfície do corpo; com retalho: quando o instrumento deixa pendente um retalho no corpo, corte de maneira oblíquo; mutilante: quando o instrumento atravessa os tecidos de lado a lado, destacando certa posição saliente do corpo (geralmente orelhas, dedos, nariz etc)

 Características das feridas incisas encontradas pelo examinador

Predominância do cumprimento sobre a profundidade; nitidez na lisura das bordas, sem irregularidades nem sinais de contusão; afastamento das bordas devido à elasticidade e tonicidade dos tecidos, neste caso, há a coaptação perfeita, ou seja, quando aproximamos as bordas elas se fecham perfeitamente; presença de “cauda” (de escoriação, fim do corte, é a parte menos profunda), o instrumento cortante não penetra por igual em toda a extensão da ferida, nas extremidades esta é menos profunda que no centro, tanto menos profunda quanto mais próxima de seu início ou término.

Esgorjamento

É a lesão na parte anterior ou lateral do pescoço produzida por instrumento cortante. Situa-se entre o osso heóide (abaixo da mandíbula) e a laringe. Sua profundidade é variável, podendo até chegar à coluna vertebral.

Nos casos de suicídio, quando o agente usa a mão direita, predomina a direção transversal ou oblíqua ( \ ); no homicídio, é mais frequente a posição descendente para a esquerda ( / ), mas também poderá ser por acidente. No homicídio e suicídio a pessoa morre por hemorragia, embolia gasosa (ar dentro do vaso sanguíneo), asfixia (sangue inunda traqueia e brônquios).

 Degolamento

É a lesão na parte posterior do pescoço (nuca) produzida por instrumento cortante e a morte se dá por hemorragia quando são atingidos vasos calibrosos ou pela secção da medula. As conseqüências jurídicas mais importantes são o homicídio e suicídio. Decaptação: cabeça separada do tronco.

 Lesões contundentes

São causadas por instrumentos de saliência obtusa (martelo), (obtusa: que não é agudo, arredondado) e de superfície dura que se chocam com violência contra o corpo humano. Podem ser causadas de três formas: ativa: o objeto (agente lesivo) se move em direção ao corpo (vítima); passivo: o corpo (vítima) se projeta em direção do instrumento contundente (quedas); mista, ou biconvergentes, vítima e corpo estão em movimento.

 Tipos de lesões encontradas nas contusões superficiais

Rubefação, edema traumático, bossas sanguíneas, hematoma, equimose e escoriações e feridas contusas.

 Lesões encontradas nas contusões profundas

Entorse, luxação, fratura, rotura visceral e esmagamento.

Rubefação

É uma mancha avermelhada, efêmera e fugaz na pele, que desaparece em alguns minutos. Não deixa marca nem sequela. A pele solta “istamina” e fica vermelha, pois aumenta a chegada de sangue no local.

 Edema traumático

É o aumento de volume na região traumatizada (é o inchaço). É provocada pela saída do plasma do interior dos vasos sanguíneos que se infiltra nos tecidos. Possui intensidade variada, depende da gravidade e da presença de outras lesões no local.

 Bossa sanguínea

É o derramamento de sangue (proveniente de vaso vermelho) numa região pequena do tecido subcutâneo (embaixo da pele), delimitada por outras estruturas impermeáveis, como, por exemplo, osso. Formam uma saliência localizada na pele. São comuns no couro cabeludo e são vulgarmente chamadas de “galo”.

Hematoma

É a ruptura de vasos sanguíneos (mais volumosos, médio ou grosso calibre), formando coleção de sangue represado, deixando a pele com uma coloração roxa. Difere do hematoma subdural (o sangue comprime o cérebro) e do intradural (dentro da cabeça).

Equimose e sugilação

Equimose é o derramamento sanguíneo onde o sangue se infiltra e coagula nas malhas dos tecidos (manchas roxas). Sugilação é uma forma de equimose, caracterizada por vários pontinhos como grão de areia, que geralmente é superficial, não forma coleção, mas pode ter dentro dos órgãos, na área do traumatismo ou pode até se estender.

Petéquas e sufusões

Petéqueas e sufusões são formas de equimoses. As petéqueas são mais ou menos isoladas, com tamanho de cabeça de alfinete, já as sufusões são equimoses extensas.

Mecanismos que podem produzir equimoses

Compressão (soco, pontapé, paulada, chicotada etc), tração (beliscão), sucção (beijo) e esforço (aparece geralmente nos olhos). As equimoses emotivas aparecem geralmente nos braços e nas coxas.

Diferença entre hematoma e equimose

A equimose ocorre quando o sangue extravasado se infiltra e coagula nas malhas do tecido, já o hematoma são coleções sanguíneas produzidas pelo sangue derramado que descola da pele. A diferença é que no hematoma o sangue forma verdadeiras bolsas, ao passo que nas equimoses o sangue se infiltra nas malhas do tecido celular subcutâneo, impregnando-se fixamente.

“Espectro equimótico de Legrand du Saulle”

É a variação cromática (1 – respeitante a cores) da equimose, produzida desde que o material foi extravasado até ser reabsorvido, e vai do início ao pleno reparo da lesão: - vermelho: do 1º ao 2º dia; - vermelho violáceo: do 3º ao 6º dia; - azulado e esverdeado: do 7º ao 12º dia; - amarelo: do 13º ao 20º dia. Ele nos permite dizer qual o ponto onde se produziu a violência, afirmar se o indivíduo estava vivo ou morto, natureza do atentado, data provável da violência. É diferente de quando houver tal ocorrido nos olhos, a mancha sempre fica vermelha, não muda de cor.

Escoriação

É a exposição da derme devido ao arrancamento da epiderme por ação tangencial de um instrumento mecânico. No indivíduo vivo, as escoriações cobrem-se de serosidade albuminosa (líquido), gotas de sangue, formando crostas geralmente branco-amareladas ou cor de tijolo se for mais profunda. Não deixam cicatrizes e as crostas começam a cair entre o 4º e 10º dia, estando a pele regenerada até o 15º dia. No cadáver ou quando a morte ocorre logo após o trauma, as escoriações adquirem uma cor vermelho-acastanhada, são lisas e têm um aspecto de pergaminho ou couro.

Características das feridas contusas (de instrumentos contudentes)

São geralmente causadas por objeto não cortante. Acontecem por compressão, apresentam bordas irregulares, alterações na borda, fungo irregular, vertentes irregulares, são mais compridas que profundas e de difícil coaptação. Geralmente deixam cicatrizes largas e irregulares, como no caso de esmagadura e agressões sexuais.

Entorces

Movimentos exagerados junto a uma articulação. São lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo sobre os ligamentos. Os sintomas são dores na articulação, com perturbação funcional da mesma; inchaço; e presença de aquimoses e hematomas na região.

Nos casos mais graves, haverá ruptura dos ligamentos musculares, de tendões, derrame articular ou até mesmo o arrancamento de pequenos pedaços de ossos que se prendem ao ligamento.

Luxações

Ocorrem quando há deslocamento de 2 ossos cuja superfície de articulação deixa de manter a relação de contato que lhe é comum. O deslocamento pode ser completo ou incompleto. Desnivelamento dos ossos, total ou parcial, do contato.

Fraturas e fraturas expostas. Como se produzem?

Podem ser provocadas por compressão, flexão (dobra) ou torção do osso. São chamadas de diretas quando se verificam no próprio local do traumatismo, e indiretas quando provêem de violência numa região mais ou menos distante do local fraturado. Será exposta quando rasga a pele e o músculo.

Complicações que podem ser encontradas na fraturas da coluna vertebral

Pode haver paralisia temporária ou permanente se houver lesões na medula (interrompida), ocasionando secção ou lesão grave da coluna: quadriplagia (paralisia do pescoço para baixo) e paraplegia (paralisia da cintura para baixo).

Complicações que podem ser encontradas nas fraturas de crânio

Das fraturas de crânio podem resultar trincamento ou afundamento do osso, amnésia, convulsões, hemorragias cerebrais acompanhadas de meningite, coma, que chegam a provocar distúrbios psíquicos ou mesmo morte.

Lesões perfurantes. Como são produzidas e quais as suas principais causas jurídicas?

São lesões que produzem feridas com um orifício de entrada, um trajeto e ocasionalmente, um orifício de saída. São produzidas por instrumentos perfurantes, alongados, finos e pontiagudos como: agulhas, estiletes ou mesmo picadas de cobras. As principais causas jurídicas são: homicídio e os acidentes.

Características das feridas perfurantes

Sua exteriorização é em forma de fonto; abertura estreita, pouco sangramento; pequenas machas na pele, geralmente de menor diâmetro que a do instrumento causador, devido à elasticidade e retrabilidade dos tecidos cutâneos.

Ferimento em “acordeão ou sanfona de Lacassagne”

O ferimento em “acordeão” ou “sanfona” de Lacassagne é o ferimento causado com arma pequena , mas com o trajeto longo, produzido com violência pelo homicida e que comprime a parede abdominal.

O que diz a Primeira e a Segunda Lei de Filhós nos ferimentos perfurantes?

A primeira lei diz que as feridas deixadas são semelhantes às produzidas por instrumentos de dois gumes e têm aparência de casa de botão. A segunda lei diz que quando estas lesões se produzem numa mesma região, o maior eixo da ferida está orientado no sentido das fibras musculares das subjacentes.

O que diz a Lei de Langer nos ferimentos perfurantes?

Nas regiões onde existe cruzamento de muitas fibras, a ferida toma forma de ponta de seta, triângulo ou quadrilátero.

Lesões corto-contundentes

São os ferimentos ocasionados pelos instrumentos que, mesmo sendo portadores de gume ou corte, são influenciados pela ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de quem maneja. Tais lesões quase sempre graves, pois atingem planos profundos, inclusive ossos; são produzidas pela força de instrumentos como foice, machado, facão, enxada, serra elétrica, rodas de trem etc, possuindo formas variadas dependendo do corte, peso, força e local etc.

Características das lesões corto-contusas

Os ferimentos podem apresentar bordas nítidas e regulares, se o instrumento tiver gume afiado, ou irregulares com equimoses nas adjacências e muitas nos planos mais profundos, se o seu corte não for afiado, predominando, neste caso, o peso do instrumento e a força que foi aplicada.

Um dos tipos mais interessantes desses ferimentos é o provocado pela dentada feita pelo homem ou animal. Quando a dentada é leve, ficam apenas as marcas dos dentes alinhados na pele, mas as mordidas de animais geralmente provocam lesões mais graves e profundas acompanhadas de arrancamento de tecidos como nas orelhas, dedos, mãos etc.

Lesões pérfuro-cortantes

São causadas por um mecanismo de ação que perfura e contunde por instrumentos pontiagudos com gume, esses instrumentos agem por pressão e secção geralmente os instrumentos possuem 1 gume (faca, peixeira, canivete etc.), 2 gumes (punhal e alguns tipos de facas etc.) ou 3 gumes (lima).

Características encontradas nas lesões pérfuro-cortantes em relação ao gume do instrumento que as produziu

As lesões causadas por instrumentos de 1 gume têm aspecto de uma casa de botão; as de 2 gumes deixam fendas de bordas simétricas unidas nas extremidades por ângulos agudos; as de 3 gumes deixam aberturas estreladas.

Lesões de “defesa”

Lesões de defesa ocorrem quando a vítima reage a uma agressão do agente, podendo a vítima sofrer cortes nos braços, mãos e pés.

Lesões pérfuro-contundentes

Estas lesões são ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo, cabo de guarda-chuva, chave de fenda etc. Causas jurídicas: crimes dolosos e suicídios, lesões corporais ou homicídio culposo.

Referência Bibliográfica

FRANÇA, Genival Veloso de.Medicina Legal. 6ª ed. Editora Guanabara Koogan, 2001.

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